quinta-feira, 16 de outubro de 2008

É isso...

Hoje estou cansada. De fazer o quê? Absolutamente nada. É isso que é estranho e que faz espécie: quanto menos faço, mais cansada fico. Mais alguém se identifica comigo?. Vá lá, façam-se ouvir (ou melhor, ler).
Deve haver algum termo científico para isto. Por enquanto só me ocorre um tão conhecido e corriqueiro: Preguiça. Pura e dura.

Ora, ontem fui ao cabeleireiro dar um jeitinho na juba real. Estava a precisar de aparar a franja porque ultimamente já andava a tropeçar nos lancis dos passeios, nas calçadas tão bem alinhadas da cidade de Coimbra e ia batendo de testa nas Monumentais. Se bem que nesta última a minha franja não teve qualquer culpa. As escadas é que são francamente desalinhadas.
Franja a cobrir os olhos + Problemas flagrantes de visão = quedas e vexames públicos.
A franja ficou bem e voltei a ver o mundo, os passeios, as calçadas, as paragens de autocarro, e tudo o mais em que esbarrei nas últimas semanas. Não é desta que vão ver aqui a açoreana escarrapachada nesse chão estudantil. Esperem. Se calhar até vão ver, mas isso vai ser só daqui a uns dias, na Latada, mas por razões diferentes.
Ainda dentro do cabeleireiro, sentadinha à espera que uma amiga, também ela, arranjasse o cabelo, resolvi agarrar numa das revistas que lá havia para passar o tempo e para ficar a par do maravilhoso mundo do Jet7. Depois de ver umas 100 páginas sobre o Cristiano Ronaldo e outras 50 sobre as mamas da Floribela, comecei a sentir uma respiração no meu pescoço. Uma senhora tinha abancado o rabinho ao meu lado e estava a partilhar a leitura comigo. É uma situação que, no mínimo, incomoda. É que havia lá mais revistas: ele era TV7 Dias, Flashes, Marias, Ana + Atrevida (essa merda existe mesmo), etc. etc. Até o Diário das Beiras havia. Não fiquem a pensar que sou uma moça egoísta que nem é capaz de partilhar amistosamente a leitura da Caras com uma quarentona que resolveu ir fazer umas nuances ao cabeleireiro. Nada disso meus amigos! O que aqui está em questão é: "Será que já posso virar a página?! Será que a senhora teve tempo para ler que a Fátima Lopes andou a fazer tratamentos de infertilidade?! " É uma angústia, e chega a ser aflitivo, garanto-vos. É que eu sou daquele tipo de pessoas que, ao ler uma revista deveras desinteressante, limito-me a olhar para as imagens, a ler as legendas de rompante e a virar a página na ânsia de ver o que se segue. Logo, tive que fingir um grande interesse e ficar, no mínimo, 2 minutos em cada página, até ouvir um leve suspiro que provavelmente significava qualquer coisa como "Vá filha, virá lá a página que eu não tenho o dia todo". E foi assim até ao momento em que a dita senhora virou a cara para olhar não sei para onde e eu aproveitei a deixa para fechar aquele molho de folhas repletas de cultura. Levantei-me para ir embora com a amiga, e deixei a Caras ao lado da senhora para que ela disfrutasse em pleno da sua leitura. Ela não voltou a olhar para a revista.

Minha senhora, se por acaso ler este post, que fique aqui bem claro que adorei partilhar consigo aquele momento intenso de cusquice Jetsetiana (tentativa falhada de neologismo). Veja se da próxima vez não fica tão perto de mim. Ou melhor. Leia o Diário das Beiras que sempre vale mais a pena. Beijinho querida! Ahhh, e espero que o seu cabelo tenha ficado do seu agrado!.

À saída do cabeleireiro a Catarina disse que tinha rido às minhas custas porque assistiu à cena toda através do espelho.

Ao menos alguém se divertiu.

E quando uma pessoa vai num autocarro vazio e entra um/a idoso/a que se senta precisamente ao nosso lado e resolve contar a sua vida toda?! É giro.









1 comentário:

Unknown disse...

Podia ter sido pior... podias estar a desfolhar a Maria :-) Depois deste episódio, venha de lá mesmo a Latada!