Bem, como já é do conhecimento geral, o meu fabuloso Acer resolveu fazer das suas novamente.
É que o maluco gosta de pregar partidas. É que não é primeira ou a segunda vez. É a terceira!
Sei lá, parece que gosta de ver a sua dona a espernear de agonia e desespero, com a veia jugular a palpitar no pescoço, quando descobre que o seu companheiro de madrugadas resolve falecer precisamente na noite que antecede a entrega de um trabalho-exame.
Eu já disse que procrastino, não já?! Pois já. E como sempre adiei fazer o dito trabalho até ao máximo que consegui. Incrível a vontade de limpar e arrumar o quarto e lavar a loiça que se assoma a uma pessoa quando tem que estudar ou realizar tarefas académicas afins.
Lá fui eu, arrastando, arrastando, devagar, devagarzinho, "...que isto amanhã é que vai andar! Acordo pela fresquinha, tomo um banho, bebo um café, e faço isso de uma assentada". Repeti essa frase na minha cabecinha todos os dias até à véspera da entrega.
Acordei pelas 11h (não acreditem nesta parte. Eu minto muito quando se trata de falar em horas de acordar) e arranquei de imediato para a secretária. Liguei o bicho (desculpa lá, mas não mereces outro nome. És mau, és vil.) e estava tudo muito bem, até ao momento em que tudo o que era programas abertos deixaram de responder. "Bem, isso resolve-se com um Rebootzinho", pensei eu, ingénua.
Voltei a ligar o estafermo (já te disse que és mau, que és vil?) e a única coisa que aparece é uma tela preta com uma underline branca no canto superior esquerdo a piscar.
A partir daí não me lembro de mais nada, e acho sinceramente que foi pelo facto de ter perdido os sentidos por momentos ao tomar consciência da desgraça que estava a acontecer perante os meus olhos.
A grande (enoooorme) sorte, é que tinha guardado uma parte já feita do trabalho numa pen. E a outra grande (enoooooorme) sorte é que vivo com amigas incansáveis que estão sempre lá para ajudar. Tão incansáveis, que por entre o desespero, o pânico e as 500 voltas que dei ao quarto com o portátil ao colo a ver se ele ressuscitava, quiçá, com o calor materno da sua dona, ouvi a Catarina dizer qualquer coisa como "Queres bater-me querida?!". É ou não é uma amiga daquelas? Lá esboçei um sorriso e disse que não era preciso, ao que ela voltou a responder "Ok, se mudares de ideias, 'tou na sala". Só para que conste: Não, eu não bati na pobre moça.
Usei o portátil e a net da Lili. Bebi três chávenas de café.
Fiz uma directa como já não fazia há muito tempo. Dei por mim a ouvir zumbidos dentro da minha cabeça, a ser assaltada por mil e um pensamentos que nada tinham a ver com o trabalho, a falar sozinha, entre muitas outras sensações típicas de quem está a roçar a loucura. Acho que cheguei até mesmo a ver o Avô Cantigas em cima do meu guarda-fatos a cantar o "Fantasminha Brincalhão".
Acabei o trabalho ao meio-dia (!!!) e confesso que não fiquei lá muito contente com o produto final, mas tal era estado que nem voltei a dar uma segunda revisão ou a acertar pormenores. Temos pena.
Tomei um duche e lá fui eu escoltada pela Catarina e pela
Graciete, que fizeram o favor de me acompanhar para que não caisse de sono e cansaço no meio dessas calçadas históricas de Coimbra. "
Aqui neste chão caiu e partiu o queixo, três dentes e um dedo, Cátia Cabral, estudante de Psicologia, conhecida pela sua enorme paixão, responsabilidade, espírito de sacrifício e dedicação ao seu curso, no dia de entrega de um importante trabalho". Era giro não era? Mas não por agora. No 5º ano, quem sabe.
Cheguei à Faculdade, entreguei o trabalho ao Segurança, assinei uma folha qualquer (já não estava a ver nada bem), e puxei a porta de vidro em vez de empurrar. Já cá fora respirei de alívio, e por momentos passou-me pela cabeça ir a correr toda nua até aos Claustros gritando "FÉRIAS!!". Não o fiz. 'Tava fresquinho e a chover.
Fomos ainda até ao café, onde quase adormeci em cima da mesa. Voltamos para casa, enfiei-me na cama e senti-me no céu.
Hoje tive um acesso de loucura. Agarrei no portátil, fiz ALT+F10 (se há alguma coisinha boa que os Acers têm é isto. Essas duas teclas formatam o computador e instalam tudo sem necessitar do CD do Windows) e pronto, lá estou eu a escrever este post a partir do ressuscitado. Ora, o pior, pior, pior...é que perdi tudo o que tinha. Tanta foto, tanto documento, tanta música, tanto poema e devaneio escrito. Tento nem pensar nisso para não berrar pela casa (o que não dá jeito nenhum, porque uma delas já está a dormir), mas como já disse, foi um acesso de loucura, um acto irreflectido, não fosse eu loucamente saudável.
Já agora, essa é p'ra ti Acer, meu filho: Da próxima vez que estiveres para falecer, avisa para poder ao menos guardar os meus valores em CD ou numa pen. E se por acaso resolveres falecer numa época de exames e trabalhos como aconteceu anteontem...bem, estás a ver aquela janela?! Pois...